Travessia da Serra dos Órgãos (Parnaso) – Relatos de viagem

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Oi amores e amoras, a  travessia da Serra dos Órgãos é obrigatória para aquele mochileiro, montanhista, aventureiro ou viajante que tem bom gosto. Aliás, se é uma dessas coisas já tem bom gosto né?! Abaixo vou compartilhar com vocês dicas para fazer a TRAVESSIA DA SERRA DOS ÓRGÃOS, também conhecida como Parnaso.

Travessia da Serra dos Órgãos - Parnaso
Travessia da Serra dos Órgãos – Parnaso

A propósito, espero que os desabafos de bióloga no meio do texto não lhe chateie. Obrigada, de nada. =D

# Travessia Petrópolis x Teresópolis

Para fazer a travessia Petrópolis X Teresópolis você vai levar três dias. Tem quem faça em algumas horas correndo com mochilinha de água e alimentos que não ocupam muito espaço e são energéticos, como castanhas. Mas são pessoas com condicionamento físico muito bom e que não ficam parando para observar e fotografar.

A direção importa? Sim. Tem relevância na beleza da paisagem. O cenário que fica a sua frente em toda a caminhada na direção de Petrópolis para Teresópolis é mais bonito. Lá não tem espaço para ser feio, portanto a direção oposta também é válida, mas se não houver algum motivo que justifique Teresópolis X Petrópolis, siga meu conselho.

Existem dois abrigos junto com campings no caminho. Existe diferença de preço para dormir no abrigo ou no camping. Os abrigos de madeira são básicos. A grande vantagem de ficar no abrigo é o menor peso que você vai carregar relacionado à barraca e colchão. Se eu estivesse levando criança ou alguém que não consegue carregar o peso das coisas que vai usar, eu ficaria no abrigo.

Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Que alívio ver essa placa! Neste ponto eu estava muito cansada. Era segundo dia entre um abrigo e outro.

Eu aprecio imensamente o fato de abrir o zíper da barraca e estar de frente ao paraíso. Fiquei no camping. Eu e meu amigo dividimos uma barraca só. Isso faz bastante diferença no peso e em se aquecer.

O cavalinho visto por baixo.
O cavalinho visto por baixo.

Levei aqueles colchões individuais da largura do ombro. Apesar de fino, eles têm uma dureza que dá muito conforto. Levei apenas saco de dormir que não é para neve e não usei isolante térmico (aqueles prateados). Não passei frio. Porém, eu tinha um corta vento ao qual recorrer naquelas horas mais frias da madrugada. Dois investimentos que salvam uma trilha dessas: bota de trilha impermeável e corta vento. Lã, moletom, coisas que ocupam espaço, pesam e não suprem a demanda.

No Pico da Bandeira eu sofri muito na falta deles. Compensou carregar esse peso? Eu não me arrependo de nenhuma grama! Porém, fique bastante atento ao que você está colocando na mochila para não carregar peso desnecessário. Depois de um longo tempo subindo, meu amigo encontrou uma calça jeans com um cinto com fivela pesada que ele havia esquecido de deixar no carro. Pensa na raiva!

# Leve frutas

Frutas secas e castanhas são ótimas para dar energia e proteína sem complicar o transporte. Quem sabe um nada saudável macarrão instantâneo, porque no fim do dia você vai sentir necessidade de algo quente e salgado.

Em cima do Castelo do Açu
Em cima do Castelo do Açu

Eu levei frutas in natura para comer logo no começo, me livrando logo do peso. Essas coisas que não podem ser esmagadas dão trabalho, mas dias comendo coisa de pacotinho dá uma sensação de que vai acabar com escorbuto (exageiros a parte, rs).Não precisa levar muita água, mas cuidado para não passar pelos pontos de coleta sem se abastecer.  Ahh, contabilize também que o lixo é seu e volta com você na sua mochila! Prepare a sacolinha pra ele.

Eles vendem banho quente. Vale a pena! Porém, o gás é carregado pelos funcionários nas costas nesta subida. Portanto, são poucos minutos de banho e em temporada pode acontecer de acabar o gás e eles simplesmente te dizerem: devolvemos seu dinheiro na portaria. Isso dá muita raiva. Portanto, tente não ir na temporada ou se prepare para a possibilidade deste inconveniente.

Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Dentro do Castelo do Açu.

# Leve uma corda

Se você não pergunta, ninguém vai te contar que você vai necessariamente precisar de corda, e de saber fazer uns nós básicos. Não é uma escalada, não depende de cadeirinha, porém na parte conhecida como cavalinho (tem este nome porque você precisa meio que subir de cavalinho na pedra) é muito, muito difícil subir as mochilas sem corda. O cavalinho fica a beira de um precipício mas apesar da altura, você não fica tão à margem. A dificuldade não é possibilidade de cair e sim conseguir fazer a pegada na pedra para dar o impulso da subida.

Travessia da Serra dos Órgãos.
Travessia da Serra dos Órgãos.
Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Muita gente tem medo de subir essa escada e com razão. Tem que ter atenção em todos os movimentos e fôlego. É uma altura considerável.

Em outra parte, se não me engano se chama mergulho, também foi trabalhoso e as cordas fazem a diferença. Mergulho é um valezinho. Uma descida íngreme seguida de uma subida também íngreme. Inclusive, foi o único lugar que deixou dúvidas acerca da direção a seguir. Quando você dá de cara com este trecho difícil e sem marcação, você acha que saiu da trilha.

Ambas as portarias tem atrações que incluem cachoeiras muito lindas de água muito limpa. Se você fizer como eu e não planejar um tempo além dos três dias de travessia, não vai ter tempo de desfrutar deste espaço. Porém, como a travessia não é muito nutella, rs, talvez você chegue na portaria da saída no terceiro dia querendo nunca mais ver mato na vida inteira nos próximos 4 dias. Erro proposital. Entenda o sarcasmo. Mas falando sério, talvez uma pausa numa pousadinha confortável e depois voltar seja uma boa.

A vegetação nos 2, 3 km iniciais e finais é bastante alterada. Nestes trechos você pode notar braquiária e capim gordura, samambaias típicas de solo alterado e ácido. Marcas do que é chamado de mata de borda, ou seja, um tipo de vegetação de transição entre pastagem, plantação ou outro tipo de interferência antrópica e a parte de fato preservada.

Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Parque Nacional da Serra dos Órgãos

A desvantagem, além da aparência, é que muitas espécies da fauna não conseguem usufruir deste espaço. Por isso, a propósito, que territórios pequenos ou finos de preservação de mata não são suficientes para preservar a fauna.

Neste trecho você também vai perceber as marcas do maior fluxo de gente e de um perfil menos consciente, flores colhidas, lixo e outros lamentos. No restante do percurso há sobretudo características de Campos de Altitude e Mata Atlântica nos trechos de vale.

Travessia da Serra dos Órgãos – Primeiro abrigo

O primeiro abrigo é ao lado do Castelo do Açu. Entre essas pedras é um cenário exclusivo de lá. Rochas imensas com o centro suspenso são intrigantes. As frestas entre os blocos de rochas grandes formam labirintos por onde pouca luz e neblina brigam pela passagem.

É poesia em cenário e pra mim, nostalgia também. Eu lembrei daquele episódio do Chapolim (Planeta Selvagem, acho) em que as pedras (bem de isopor, diga-se de passagem) flutuavam. Rs Prepare-se para chegar com tempo de ir a tardezinha lá e ainda subir até o cruzeiro (poucos metros de lá) para ver as cores da noite chegando. Vanila sky.

Também tem como subir no Castelo do Açu. Não deixe de fazer isso! Tente ir ver o sol nascer nos portais de Hercules.

Foto de concurso não é mesmo?
Foto de concurso não é mesmo?

Quando estiver no abrigo, peça informação sobre onde estão guardados os caderninhos de nomes que ficam nos picos. Difícil explicar por aqui a localização deles, mas não deixe de assinar e escrever um pouco sobre a sua aventura nestes preciosos livros para os montanhistas de coração.

Não é permitida a entrada com bebidas alcoólicas (mas não tem vistoria). Pra quê?! É garantido que você vai explorar todas as capacidades maravilhosas desse nosso corpinho humano de produzir todos os hormônios que nos dão sensações de prazer. Adrenalina e endorfina estão garantidos! Se tem insônia como eu, lá não terá porque a serotonina toma conta.

Se você levar seu amor vai repor a ocitocina em cada abraço. O coquetel de prazer é garantido naturalmente. Sem julgamentos mas ninguém precisa de bebida ou droga. Faça esta escolha pra sua vida.

Travessia da Serra dos Órgãos
Travessia da Serra dos Órgãos

Se você estiver de carro próprio, vai precisar de alguma estratégia para voltar de uma portaria a outra. Nós tivemos dois casais de amigos que nos trataram a pão de ló e cuidaram do transporte do carro.

Quando eu fui à Serra dos Órgãos eu não perdi oportunidade de conhecer a Catedral e o Museu do Império de Petrópolis. Vale muito a pena! Eu também gostei do museu de cera. Não tive oportunidade de conhecer o do Dumont. Se você foi, conte sua experiência aí nos comentários ou no Instagram do blog.

Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Frio! De congelar os dedos. Corta vento imprescindível! Ventania forte constante!

Ahh, não faça como eu de perder a oportunidade de carimbar o passaporte da Estrada Real. Eu fui providenciar o meu só depois. A Lid escreveu o post “Como conseguir e onde carimbar o passaporte da Estrada Real + Dicas“, você viu? Se não leu, dá uma conferida nele antes de ir pra não se arrepender depois!

Até mais!


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